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Distrito Federal

terça, 31 de março de 2015

Família e amigos velam em Brasília corpo do cinegrafista Luiz Quilião

Familiares e amigos velaram na manhã desta terça-feira (31) o corpo do repórter cinematográfico da TV Globo Luiz Quilião. Responsável por reportagens premiadas, o profissional morreu em Brasília neste domingo aos 57 anos, depois de sofrer um forte sangramento no intestino e uma parada cardíaca. Ele deixa dois filhos.
Quilião estava internado desde o dia 18 de fevereiro com uma trombose intestinal. O corpo chegou à capela 10 do cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, às 8h. A cerimônia de cremação está prevista para as 11h30. Parte das cinzas, de acordo com a família, serão jogadas na Baia do Guajará, em Belém, no Pará, e em São Jorge, na Chapada dos Veadeiros.
Filho do repórter cinematográfico, Victor Quilião, de 22 anos, disse que o pai acordou do coma no sábado e demonstrou preocupação com a família. "Ele era um grande amigo para mim. Antes de ser meu pai a gente tinha uma relação bem forte de amigo, e toda a minha criação foi baseada nessa parte de cumplicidade, de companheirismo, de conversar abertamente sobre tudo, mostrar o que é certo e o que é errado", declarou. "Ele me mostrou como a vida tem que ser vista e que tem que dar valor nos detalhes.”
O jovem também afirmou que, durante a internação, Quilião perguntou pela mulher e pedia para ir embora ou para tomar água e suco. A viúva, Soraya Oliveira, conta que passou 24 anos junto com o profissional, marcados por “amizade e companheirismo”.
"Ele tentava falar, a gente fazia leitura labial, ele queria embora", completou Soraya. "Ele brincou, estava bem feliz e disse ?velhinha eu te amo?."
"Sempre andamos juntos de mãos dadas para chegar onde ele chegou. Era uma pessoa incrível não só como pessoa, mas como profissional", disse a mulher. "O sorriso que ele tinha era o carro chefe dele e a voz chamava a atenção. Vai deixar saudade."
O jornalista Gerson Camarotti afirmou que Quilião deixou uma marca da sensibilidade. "Ele tem uma marca primeiro da sensibilidade, ele passa isso nas imagens. Uma pessoa generosa com todos que estavam chegando na televisão, uma pessoa que sabia acolher, era um grande parceiro."
Wellington Vilela trabalhou durante sete anos com Quilião. Os dois e o repórter Marcelo Canellas chegaram a ganhar um prêmio pela reportagem "Terra do Meio, Brasil invisível" na Amazônia.
"Um grande amigo. Respeitador, reconhecedor do trabalho dos outros, via o sofrimento das outras pessoas e queria tomar partido disso, fazer justiça", disse, muito emocionado. "A história dele é muito boa. Ele me ensinou muita coisa. A gente se comunicava no olhar."

Colega por 22 anos de Quilião, o repórter da TV Globo Marcelo Canellas contou que desde 1988 já ouvia sobre o amigo. Os dois se conheceram em 1993, quando o cinegrafista deixou a RBS e se mudou para Brasília.
"Ele fazia treinamento dos focas, e fui para Porto Alegre achando que ia ter aula com ele, mas dois dias antes de eu chegar ele pediu demissão", contou. " Cinco anos depois eu vim para Brasília, estava na ilha [de edição] e ele chegou e falou ?oh carioca?, achando que eu era do Rio, mas eu falei para ele que era seu conterrâneo. Foi uma identificação instantânea, a gente tem a mesma maneira de olhar para o mundo, o mesmo tipo de tema que a gente gosta, e passamos a ter uma parceria mesmo e uma grande amizade. Vi o filho dele nascer e ele viu meus filhos nascerem."

Canellas fez elogios ao parceiro. "Foram centenas de reportagens que a gente fez. Ele tem um talento extraordinário, ele é um talento absolutamente fora do comum, que tem muito a ver com a postura dele diante da vida", disse. "Ele tinha um tino para a notícia, um faro para levantar bons assuntos. Era um pauteiro extraordinário."

O diretor de jornalismo da TV Globo em Brasília, Ricardo Villela, afirmou que Quilião era um profissional raro, que aliava sensibilidade e técnica. "As imagens dele são sempre capazes de emocionar, e por trás dessas imagens tem muita técnica também, que às vezes a gente nem enxerga porque a sensibilidade que ele capta é tão profunda, tão forte, que a técnica não é a técnica pela técnica, ela é um suporte para contar historias", disse.
Villela lembrou da trajetória de Quilião na Globo. "É uma perda irreparável na nossa história. Ele era um cara muito generoso e soube ensinar tanto a repórteres cinematográficos quanto a repórteres de texto a se desenvolver. Então ele criou uma dinastia de gente talentosa ao logo dos quase 20 anos em que trabalhou na TV Globo", afirmou.

Fonte: http://glo.bo/1CsAnuz

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