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Thaís Herédia

quinta, 16 de abril de 2015

Estouro da inflação é explicável, mas não justificável

Estamos ainda em abril de 2015 mas, não valendo milagre, o ano vai terminar com inflação acima de 8%. Isso significa que o Banco Central terá falhado (oficialmente) na sua missão de manter a inflação sob controle e dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. Na proposta para o orçamento de 2016, o próprio governo já admite o estouro.

Como e quem responde por isso? Pelo decreto 3.088, de junho de 1999, que estabeleceu a sistemática de metas para inflação como diretriz para política monetária, caso a meta não seja cumprida, o presidente do BC precisa mandar ao ministro da Fazenda uma carta pública explicando o que aconteceu. O decreto determina que a carta traga “detalhes das causas”, “providências” para a retomada do controle e o “prazo” em que isso deve acontecer.

O decreto só exige uma explicação formal e pública quando a inflação “estoura” os limites de tolerância da meta determinada. Essa deliberação acabou por isentar a diretoria atual do BC de se comprometer com mais clareza sobre seu trabalho nos últimos 4 anos e 3 meses. Afinal, em nenhum desses anos a meta de inflação foi cumprida. Em 2012 ela beliscou a fronteira, fechando em 6,5%.

Agora em 2015, Alexandre Tombini não vai escapar da tarefa de se explicar publicamente. Vai explicar mas não vai conseguir justificar. A alta da inflação nos últimos anos foi resultado de seguidas distorções na condução da economia e da própria política monetária. Desde 2011, a moeda brasileira foi cobaia dos experimentos conduzidos pelo ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega e pela presidente Dilma Rousseff, a chamada “nova matriz econômica”.

Dificilmente o Banco Central vai conseguir cumprir a meta de inflação (não nos limites de tolerância) antes de 2017. Serão sete anos sem entregar a estabilidade do Real à sociedade. Quando diz que “ao final de 2016” o IPCA estará em 4,5%, os diretores do BC se beneficiam dos truques da oratória e da estatística para tentar ganhar a confiança dos consumidores e empresários – que é um elemento essencial para o controle dos preços.

A promessa dos diretores do Copom não é mentirosa, mas também não é toda verdade. Em 2016, a inflação deverá fechar acima de 5,5% e já será uma queda expressiva depois dos 8,2% (previsão atual) deste ano. Estatisticamente, num cálculo anualizado, é possível que o IPCA esteja mesmo “rodando” perto dos 4,5% lá nos últimos meses de 2016. Para você, seu bolso e seu orçamento, a estatística não se aplica e não colabora. Pode, no máximo, lhe dar uma noção mais clara de como caminha a economia.
Fonte: http://g1.globo.com/economia/blog/thais-heredia/post/estouro-da-inflacao-e-explicavel-mas-nao-justif

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